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Reportagem Revista via Maxi Garça-SP

Peixe com Café, uma mistura ecologicamente correta.

Um dos desafios da humanidade, atualmente, é o destino dado aos resíduos da produção industrial. Tudo o que sobra no processo de fabricação dos mais diversos produtos, se não tiver um tratamento e destino adequados, vira lixo, muitas vezes, tóxico, causando danos ao meio ambiente.

Em Garça, Fernando Nagano Gomes Fernandes, proprietário do frigorífico Fish Fácil, que produz filés de tilápia, conseguiu, de forma simples e eficaz, dar destino seguro aos cinco mil quilos de resíduos, resultantes do processamento mensal de nove toneladas de peixe. “Um peixe pronto para o abate, com 600 gramas, rende apenas dois filés com 100 gramas cada, o que representa apenas 33% do rendimento. Com isso foi necessário o desenvolvimento de novas tecnologias que aproveitassem melhor esse resíduo. Utilizando a pele e a polpa retiradas da carcaça foi possível utilizar mais 50% do pescado bruto”.

Fernando encontrou no mundo da moda a solução para parte do seu problema. Ele começou vender couro da tilápia para curtumes. Depois de processada, a pele transforma-se em peças e acessórios de vestuário. Com isso, 630 quilos, ou 7% de resíduos já não se transformariam em lixo, mas ainda restavam mais de 5,4 toneladas de problemas.

Com a compra de uma máquina que separa a polpa e a espinha da carcaça dos peixes, o Fish Fácil conseguiu diminuir mais 900 quilos por mês, 10% do montante de resíduos, criando um novo produto alimentício, a polpa de tilápia. Rica em nutrientes, a polpa de tilápia pode ser usada no preparo de diversos pratos, substituindo a carne bovina moída, por exemplo. No Nordeste do Brasil, várias prefeituras a usam na merenda escolar. O Fish Fácil já fornece a polpa para algumas prefeituras da região.

Voltando aos problemas, o empresário ainda precisava dar um destino aos mais de quatro mil quilos de resíduos que ainda restavam. As sobras poderiam ser usadas para a fabricação de ração animal, mas o investimento para isso seria muito alto. O produtor foi buscar a solução num velho costume francês: a compostagem de material orgânico, ou seja, transformar o que iria virar lixo em adubo.

O processo é simples: deposita-se o material orgânico em um recipiente e, para evitar mau cheiro, cobre-se com folhas secas. No caso do Fish Fácil, no lugar das folhas, foi colocada palha de café, abundante na propriedade. Fernando, ainda, acrescenta à mistura lactobacilos que a aceleram o processo.